quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

COACHING INTEGRAL: UM POUCO MAIS SOBRE O “PORQUÊ” DA UTILIZAÇÃO DA MEDITAÇÃO COMO FERRAMENTA DENTRO DE SUAS ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO


Na última postagem falamos da Meditação como “ferramenta estratégica” para o cultivo do silêncio e caminho para paz , citando de forma geral seus benefícios e apresentando algumas fontes bibliográficas onde poderiam de maneira mais profunda serem estudados, juntamente com outros tantos pontos para melhor entender e praticar esta milenar arte de interiorização, autodescoberta, equilíbrio e evolução.
No entanto, após alguns questionamentos que recebemos, consideramos próprio fazer uma nova postagem voltada a um maior esclarecimento sobre as bases psicofisiológicas da meditação e de como pode alavancar, integradamente a outras estratégias e técnicas o processo de Coaching Integral, facilitando a obtenção dos resultados desejados quanto ao desenvolvimento com qualidade e sucesso nos âmbitos pessoal, social e profissional de nossas vidas.
Mas, o que faz a prática regular da meditação com nosso corpo e mente, segundo estudos já realizados?E como estes efeitos benéficos podem nos auxiliar a alavancar nossas vidas, com mais sucesso e qualidade?
Quanto a primeira questão, inicialmente podemos afirmar que os efeitos psicofisiológicos da prática regular da meditação, ocorrem simultaneamente e sobre influência recíproca, embora possamos dividi-los para uma apresentação mais  didática nesta postagem em: efeitos fisiológicos (sobre o corpo) e efeitos psíquicos (sobre a mente).
Em seu conjunto, constituem um amplo campo de estudo para a psicofisiologia, quando busca entender as relações entre o psiquismo e as modificações fisiológicas que ocorrem no organismo em consequência da atividade psicológica.
O Dr. Donald Sperry, ganhador do Prêmio Nobel de Medicina em 1969, por seus estudos sobre a assimetria funcional dos hemisférios cerebrais, descobriu que o hemisfério esquerdo e o direito trabalham de forma totalmente assimétrica, diferenciada e contrastante, porque não têm as mesmas funções (Dantas, 2001).

 
O hemisfério esquerdo trabalha com conceitos lógicos, concepções formais e critérios matemáticos, sendo o centro da linguagem. “É ele o hemisfério que fala e em conexão a este hemisfério está o conceito de ser consciente, ou EU. É analítico e sequencial. Pode somar, subtrair, multiplicar e realizar qualquer tipo de operação computável, e este domínio se deriva da sua habilidade verbal e de sua ligação com a consciência. É um hemisfério aritmético. Percebe os detalhes, as sequências . É a sede do pensamento racional, analítico, lógico e objetivo. Sua visão é fragmentada, percebendo os detalhes, as nuances e  a complexidade. Interpreta literalmente. É o hemisfério do domínio da Ciência, do conhecimento. Nele moram o individualismo e a competitividade.”(Tavares, 1993)


O hemisfério direito, lida com os sentimentos, emoções e sensações de textura. Apresenta grande capacidade em todas as espécies de desenhos geométricos e de perspectiva. “É um hemisfério geométrico. Nele residem o temperamento artístico, a criatividade, a invenção, a capacidade imaginativa e os sonhos. É a sede do pensamento intuitivo, sintético, subjetivo. Tem uma visão holística do todo, do contexto, dos padrões. Percebe as intenções ocultas e o duplo sentido nas comunicações. O espírito grupal e o instinto de cooperação aí residem, bem como a melodia e as imagens.” (Tavares, 1993)
  
Embora separados anatomicamente, funcionalmente não o são. A conexão entre ambos é realizada pelas fibras do Corpo Caloso que funcionam como uma espécie de ponte, possibilitando que o cérebro como um todo, trabalhe de forma integrada.


Infelizmente, esta integração em níveis desejáveis para estimulação de um desempenho mais eficiente e eficaz do conjunto de nossas competências nem sempre ocorre, visto que o processo educacional ocidental, tem se dedicado basicamente em desenvolver os aspectos referentes ao hemisfério cerebral esquerdo, embora já existam poucas, mas respeitáveis iniciativas (vide “Educação para uma Nova Era”, de Maria Luiza Pontes Cardoso, 1999), de propostas pedagógicas inovadoras, fundamentadas no novo Paradigma Holístico.



É, no entanto, em função ainda do predomínio do Paradigma Newtoniano-Cartesiano dentro do processo educacional e científico ocidental, que a grande maioria dos cientistas atribuem ao hemisfério esquerdo a dominância funcional sobre o direito, considerado por eles como hemisfério secundário.
Um sistema educacional que ainda se baseie em palavras predominantemente como o nosso, tenderá a reforçar cada vez mais a dominância do hemisfério esquerdo e, por consequência, minimizar todos os estímulos que tenham a ver com a intuição e a imaginação.
Por isso, predomina em nossa forma de perceber o mundo e de interagirmos com ele, uma visão mecanicista e fragmentária da realidade, prevalecendo neste processo a funções racionais, lógicas, matemáticas, reducionistas e analíticas.
Como muito bem coloca Clotilde Tavares em sua obra Iniciação à Visão Holística:
“Tendemos inclusive a identificar o ‘eu’ com a parte esquerda do cérebro, privilegiando o ‘eu’ verbal , o ‘eu’ que fala, em detrimento do ‘eu’ que intui, do ‘eu’ que sente e que reside no lado direito...
...Apesar de não dominar a linguagem, é o hemisfério direito que domina a inflexão, o colorido, o tom emocional da fala...
...E embora usemos o hemisfério esquerdo para dizer ‘eu te amo’, é com o hemisfério direito que emprestamos emoção e veracidade a esta afirmação.”
É ele que tem a capacidade de perceber padrões, nos permitindo reconstruir ou conhecer o todo  baseado na visualização apenas de alguns traços, possibilitando, por exemplo, ao médico chegar a um diagnóstico a partir de sintomas isolados; a um industrial ou comerciante ter a possibilidade de prever as tendências de mercado e a uma pessoa reconhecer outra depois de vários anos sem vê-la, apenas por alguns traços fisionômicos.
É o hemisfério direito que nos possibilita perceber a ulterioridade, a ambiguidade contida numa comunicação e até mesmo a graça de uma anedota inteligente.
Por isso, afirmamos que não existe um hemisfério mais importante. Os  dois têm funções complementares para nossa sobrevivência, com qualidade e sucesso em nossas vidas.
Ambos devem ser percebidos, valorizados e, principalmente, adequadamente estimulados  em um processo educacional que tenha o entendimento do ser humano a partir de sua complexidade e inteireza.
Quando isso não acontece, o que é comum em nossa sociedade, precisamos buscar ao sermos despertos para o problema, atividades que nos propiciem estímulos compensatórios para o equilíbrio e desenvolvimento das funções dos dois hemisférios – A Meditação é um dos caminhos de reconhecidos resultados para este fim, quando utilizada intencionalmente e com técnicas adequadas a cada caso, como fazemos no Coaching Integral, por exemplo.
Dentre seus benefícios fisiológicos de sua prática regular, conforme os estudos de Wallce (1970), estão a ampliação das ondas alfa, relacionadas ao processo de relaxamento, um menor consumo de oxigênio pelas células do corpo (funcionamento menos acelerado do coração) e uma diminuição da condução elétrica da pele, indicativo do estado de relaxamento.
Um outro estudo em Harvard (Wallce et al., 1971), citado por Cardoso (2005), identificou como resultados da prática regular de técnicas de meditação a diminuição do ritmo cardíaco, redução da frequência respiratória , diminuição da condução elétrica da pele, ampliação da intensidade das ondas alfa, ou seja, uma redução geral do consumo de energia para manutenção do metabolismo necessário apenas às mínimas funções para nos mantermos “ligados”, em estado claramente diferente do sono e da hipnose.
Embora outros tantos estudos realizados na década de 80 comprovem os mesmos resultados, desejamos destacar aqui os estudos de Lehmann et. Al. (1986) que verificou que “meditadores”, embora capazes de disparar as chamadas “reações de alarme”, indispensáveis em casos de situações emergenciais (disparo do mecanismo do estresse), o fazem de maneira mais curta, autolimitando o estresse e, consequentemente, seus efeitos nocivos para o corpo, com prováveis e consequentes benefícios para nosso equilíbrio psíquico.
Também os resultados dos estudos de Lazar et al. (2000), mostram os benefícios da meditação para o estresse.

Quanto aos benefícios psíquicos específicos da prática regular da meditação, também comentados na publicação Medicina e Meditação (Cardoso, 2005), nem sempre encontramos fundamentação dentro do paradigma newtoniano-cartesiano, visto não estarem costumeiramente ao “alcance da lógica  formal”. Afinal de contas, como descrever uma vivência que, teoricamente, estaria “além da lógica”. Além disto, o tempo de aparecimento de cada benefício, varia consideravelmente de pessoa para pessoa. No entanto, mesmo não desconsiderado isto, apresentaremos nesta postagem como efeitos psíquicos da prática regular das técnicas de meditação catalogados, os seguintes:
1º)   Relaxamento Psíquico, ou seja, diminuição do “estado de alerta” constante em que o dia-a-dia de nossa atualidade nos mantém quase permanentemente;
2º)  Frequente vivência positiva, onde o prazer é uma constante nos praticantes da meditação;
3º)  Desenvolvimento progressivo de uma sensação de equilíbrio e “paz interior”;
4º)  Sensação crescente de Felicidade e de Saciedade, como natural consequência  da constância das práticas meditativas;
5º)  Sentimento de “Fazer Parte de Um Todo Maior”, de harmonia com o contexto social e planetário a onde se está inserido: Ampliação da “Qualidade de Nossa Presença”;
6º)  Maior Equilíbrio Emocional, com crescente tendência à despreocupação de “perda do controle”. Ou seja, com uma exigência interna cada vez menor em “manter o controle”  sobre o entorno e sim dirigindo sua energia ao holocentramento;
7º)  Um progressivo aprofundamento da “experiência espiritual”, não vinculada obrigatoriamente a uma doutrina ou estrutura religiosa específica. Apenas a sensação de uma “Grande Presença”, de algo extremamente agradável e maior do que tudo que conceitualmente conhecemos, uma sensação de pertencimento, amorosidade e paz.
      Desta perspectiva, conforme as palavras de Shunryu Suzuki Roshi:
“A meditação abre a mente para o maior dos mistérios que acontece diariamente e a toda hora; ela expande o coração para que ele possa sentir a eternidade do tempo e a infinidade do espaço em cada pulsação; nos provê uma vida dentro do mundo que é como se estivéssemos nos movimentando no paraíso; e todos esses efeitos espirituais ocorrem sem qualquer refúgio em uma doutrina, mas pela simples e direta ligação com a verdade que reside no nosso mais íntimo ser”.
8º) Mudanças em relação ao sono, com ênfase na saciedade e qualidade do repouso obtido, no aumento das lembranças quanto aos sonhos experimentados e de um progressivo acesso a “insights” quanto aos seus significados.


Embora tudo o que foi exposto, não temos a pretensão de esgotarmos aqui os resultados dos estudos e pesquisas que vêm sendo desenvolvidas quanto aos resultados do uso sistemático da meditação.
No entanto, acreditamos que oferecemos aos visitantes deste blog, material informativo suficiente para o entendimento não só da atualidade da prática sistemática da meditação, bem como das razões pelas quais a utilizamos dentro do modelo de Coaching Integral, como estratégia para o desenvolvimento do equilíbrio físico, emocional e espiritual indispensáveis àqueles que têm por meta a melhoria de seus resultados profissionais, bem como a ampliação da qualidade nos planos pessoal e social de suas vidas.

A maior revolução de nossa geração é a descoberta de que os seres humanos podem, ao mudar as atitudes mentais internas, mudar os aspectos exteriores de suas vidas.
William James




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Aguarde, seu comentário será publicado.